O Rio Tinto é um curso de água muito especial. Nasce perto de Nerva, na província espanhola de Huelva, e vai desaguar no Rio Odiel, 100 km mais a sul, já na Ria de Huelva, a escassos metros do oceano atlântico. A sua cor vermelha, presente logo à nascença, tem a sua origem na decomposição de minerais que contêm sulfetos de metais pesados e que podem ser encontrados em depósitos ao longo do rio. Esses reservatórios são compostos, em grande parte, por rochas de pirita (dissulfeto de ferro) e calcopirita (sulfeto de cobre e ferro).
O seu ph extremamente ácido (entre 1,7 e 2,7) inviabiliza, quase por completo, a presença de oxigénio. Durante muitos anos pensou-se que nenhuma forma de vida pudesse ser encontrada naquelas águas. Recentemente, estudos revelaram a presença de alguns microorganismos, razão que levou a NASA a escolher este local para estudar possíveis semelhanças com o ambiente do planeta Marte. Esses microrganismos, adaptados a habitats extremos, são acidófilos e alimentam-me apenas dos minerais presentes na água do rio.
A coloração do rio é assim totalmente natural e não proveniente de qualquer poluição ou da contaminação gerada pela industria de extração mineira presente ao longo de vários terrenos adjacentes ao rio. De notar que a pouca distância do local de nascimento do rio se encontra uma das maiores minas a céu aberto do mundo, a Corta Atalaya.
Em termos fotográficos, o Rio Tinto é uma fonte de inspiração e criatividade para qualquer autor que goste de ver para além do grande cenário. As cores, as texturas e as formas são ilimitadas, fazendo-nos crer que estamos efetivamente noutro planeta.